quarta-feira, dezembro 26, 2007

Tem músicas das quais a gente não gosta numa primeira escutada
Aí então a gente ouve de novo
e ela se incorpora e toma forma na nossa alma
Mas para percebê-la era preciso estar com os sentidos dispostos

Porque senão seria apenas mais uma canção
que a gente não guarda no coração, não lembra na madrugada
que fica, com toda sua beleza e graça, cantarolando sozinha no ar
cantando até se acabar
porque ninguém a pôs de novo pra tocar.
Às vezes pego os anseios do futuro
e os sinto como se fossem recordações
é um tal convencimento das ilusões
que me faz tomar premonições por antigos acontecimentos

Nunca vi maior fingimento
Fazer do desejo que nunca aconteceu
Um retrato na estante

Mas, não são anseios, lembranças e sonhos
coisas semelhantes?

segunda-feira, dezembro 24, 2007

Sobre as coisas que eu não considero importantes

Eu não considero o natal importante. Nem colação de grau. E tive que ouvir boas broncas nessa semana por não dar a mínima pra esses dois eventos. Foram broncas das boas, que me fizeram rever algumas das minhas convicções.

Está certo. Eu admito. Deixei de gostar do natal desde que aprendi essas coisas sobre a celebração do consumismo na adolescência através das bandas de rock. É verdade, eu virei ateísta desde que me deparei com a tal da dúvida que move todos os debates filosóficos na faculdade. E, no meu caso, a dúvida levou ao ateísmo. Daí eu não me emociono mais ao ver um presépio, eu passei a odiar ouvir Simone cantando uma versão brasileira Herbert Richards de "What a wonderful world", eu não sinto vontade de dizer Feliz Natal, etc etc etc...

Agora vamos à colação de grau. Eita negocinho sem graça dos infernos. Eu fui ver a colação de uma amiga, mas pense na zuada, naquela ruma de gente gritando, e apitando, e o calor, a falta de cadeiras pra sentar... PUTA QUE PARIU ODIEI EIN. Também já vendi rifas pra festinha de formatura, e odiei igualmente encher o saco dos outros pra vender rifa de DVD, MP4, a porra... E PIOR, passar a manhã inteira debaixo do sol numa feira de roupas usadas!!! Resultado: desisti dessas celebrações de formandos... Pra colação de grau não vou nunca mais, nem pra minha! E acabei não indo para a de outra aminha minha que colou grau recentemente.

Bem, mas, como havia dito anteriormente, eu tive que rever isso tudo. Está certo que o natal não é importante pra mim, mas e se minha mãe quer que eu esteja com ela nesta data? E se ela quiser que eu vá à missa com ela? Fazer o quê? E a minha amiga, que fez a colação e eu não compareci, passou uma hora me dando sermão porque não fui. Só quando vi os olhos dela cheios de lágrimas, que não chegaram a sair, é que me dei conta do quanto aquilo era importante pra ela. "Eu passei dois anos planejando tudo isso", disse, indignada.

É, se era importante o natal pra minha mãe e a colação de grau pra minha amiga, eu também deveria dar a devida importância em respeito a elas. Lembrei-me de quando eu me apresentei no colégio na quadrilha... Recordo que chorei porque queria muito que ela estivesse lá, mas ela não considerava importante...

quarta-feira, dezembro 19, 2007

O remorso da ausência
é saber que é tudo culpa minha

terça-feira, dezembro 11, 2007

Tal mãe, tal filha

Para a minha mãe eu gostaria de dedicar todos os sonhos que ela não realizou em si mesma
e realizou em mim

Mãe, obrigada por tudo
Desculpa se às suas expectativas todas,
Eu não atendi

Pelo que eu não fiz, me perdoa como se perdoa a si mesma
E por tudo que fiz,
Viva como se pertencesse a ti.

terça-feira, dezembro 04, 2007

Não adianta. Eu tenho a leve impressão de que a gente sabe, desde o primeiro encontro, se vai se apaixonar por alguém. Não que a gente se apaixone assim, de cara, mas é aquele lance de "alguma coisa acontece no meu coração..." Há alguma forma de encantamento, uma vontade de estar junto, uma admiração repentina... E se isso não ocorrer desde a primeira vez, não ocorrerá nunca mais. Podem até passar juntos meses, anos, mas nunca será como a paixão que toma a gente por inteiro.

E de cara é possível perceber, assim, que este será só mais um caso... É interessante aproveitar os casos na sua autêntica forma. Apreciar a aventura que o amor romântico não oferece: conhecer novas pessoas, mesmo que superficialmente, encanta. Não superficialmente no sentido pejorativo da palavra, mas entenda que trata-se de se deleitar com os pequenos gestos do outro que logo irá partir, ou você irá partir, entenda que é tudo pela efemeridade. E a efemeridade nada tem de inferior à "eternidade" prometida no amor romântico. A efemeridade é apenas a falta de promessas. Há também beleza nisso, pois há beleza até naquilo que não se tornou uma grande paixão. E é uma beleza simples, às vezes até nem permanece na memória.

Dá pra saber que eu nunca vou me apaixonar por você. Dá pra saber que eu nunca ia me apaixonar por você. Dá pra saber que eu ia me apaixonar por você.

Dá pra saber, mas, no fim de tudo, aquilo que não se tornou amor, o que não doeu nem trouxe tanta felicidade, o que não mereceu uma música, um porre no bar, uma declaração no meio da praça, o que não dá nem saudade, tem a sua própria beleza. A beleza do que, na vida, não teve muita importância. E boa parte da vida é feita do que não tem tanta importância.