domingo, setembro 30, 2007

Porque eu não gosto de quem não bebe

Pode me chamar de alcóolatra ou o que for, caro leitor politicamente correto. Pois bem. É isso mesmo, acho um saco pessoas que não bebem, não tenho um pingo de paciência nem vontade de sair com esse tipo de gente, a não ser pra programinhas mais lights como um cineminha e coisa e tal.

Você pode dizer que cada um faz da vida o que quiser. Concordo plenamente. Só que o problema das pessoas que não bebem é que elas não deixam os outros fazerem da vida o que querem. Implicam com quem bebe, dizem que todas as pessoas do universo são alcóolatras, sentem desperazo por bêbados, acham que quem bebeu demais tem que se foder mesmo, mandam o namoradinho ou a namoradinha parar de beber, afirmam categoricamente que amigos bebedores são más companhias, enchem a boca pra dizer que são alegres e sociáveis sem precisar de uma gota de álcool na boca, que os bêbados são pessoas irresponsáveis... RESUMINDO, se acham SUPERIORES a quem ingere algumas doses de álcool. São um SACO!

sábado, setembro 29, 2007

Tem situações a que você acha que vai reagir de uma forma, aí quando você realmente está lá, tudo parece diferente, e é estranho o descontrole sobre nossas emoções e o que esperamos de nós mesmos.

Eu não me conheço. Ponto.
A cada dia que passa fico mais cínica e mais forte. A força vem do cinismo. Faço piada da minha própria desgraça, dou risada das ofensas que antes me causavam sofrimento, não levo a sério boa parte dos atritos, dos conflitos, das coisas desagradáveis do dia-a-dia. No fim, tudo vira um balaio de sarcasmos e piadas politicamente incorretas a respeito do mundo e da conduta alheia. Quem antes me dava medo, agora virou objeto de zombaria suaves pela frente, e comentários maldosíssimos pelas costas.

Antes de tudo é bom lembrar: eles passarão, eu passarinho.

quinta-feira, setembro 27, 2007

Pelos monges de Mianmar


Hoje fiquei triste lendo o jornal. A imagem era de monges que protegiam uma corrente humana na luta contra ditadura imposta ao povo de Mianmar, numa manifestação que despertou a ira dos poderoso do país, e em que foram lançadas bombas de gás lacrimogênio nos protestantes, e com luta física resultante em alguns feridos. São diversos protestos acontecendo nos quatro cantos do país e agora o mundo teme que o massacre que ocorreu em 1988, que resultou na morte de três mil pessoas, se repita.

Ao mesmo tempo em que fiquei triste com a miséria humana, contentou-me o fato de ver mais de 100 mil pessoas envolvidas na luta contra um governo autoritário. Admirava-me ver gentes correndo sérios riscos de morrer numa manifestação de um povo que está cansado de ser explorado, silenciado, de ter seu grito contido. Depois de tantos protestos, o governo daquele país determinou que fica proibido haver grupos de mais de cinco pessoas nas ruas, mas a população continua protestando.

A tristeza que me causou a notícia, não era pra ser tristeza. Recolho-me, como muitos, diante da desgraça, e passo para a próxima folha do jornal. Não era pra me conter na apatia, o sentimento correto seria a indignação. Eu deveria fazer alguma coisa. Mas a grande pergunta é o quê.

Sei que muitos se sentem impotentes, como eu me sinto agora. E aí nós ocidentais ficamos recolhidos diante das desgraças humanas mostradas na televisão, como se elas fossem apenas o capítulo trágico de uma novela ruim. Ficamos do lado de cá nos sentindo integrantes de uma democracia, falamos mal das barbaridades dos orientais, e deixamos pra lá. Parece que somos livres. Agradecemos por sermos um país pacífico. Esquecemos que há não muito tempo vivemos numa ditadura militar que prendeu, torturou e matou centenas de pessoas.

Outra coisa que me chamou a atenção foi a relação entre religião e política. Vemos monges utilizando a sua áurea de homens sagrados para proteger a população. Sabemos que se algo fosse feito contra eles, o governo daquele país teria sérios problemas. E isso me fez lembrar dos padres da Teologia da Libertação, que lutaram por justiça social nos tempos de ferro. Pergunto-me sobre esses homens, que tanto me lembram Cristo, que lutam contra o mal na encarnação de todos aqueles exploradores.

Sem cair naquela velha conversa de falar do imperialismo americano, eu prefiro questionar agora onde é que está a força das nossas manifestações ou da nossa religião (e digo isso enquanto pessoa que não tem religião). Do lado de lá, tudo parece mais intenso, as cores são mais fortes, os valores mais rígidos, os sujeitos mais centrados nas suas convicções. Do lado de cá, uma certa apatia política, um catolicismo não-praticante, uma falta de consistência em tudo. No meio disso tudo, eu não acredito em Deus, nem num mundo justo, meu candidato favorito agora me parece um idiota, e alguns movimentos não me servem mais de referência. Fico triste lendo o jornal, sem acreditar em nada, e acabou-se. A notícia ruim continua sendo uma notícia ruim, como se tudo não passasse de um espetáculo trágico.

terça-feira, setembro 25, 2007

O que há

O que há em mim é sobretudo cansaço —
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimno, íssimo, íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos

domingo, setembro 23, 2007

Não sei paquerar

Pra muita gente posso parecer a mulher com atitude, mas a verdade é que me falta tato para me aproximar das pessoas por quem me interesso. Não sei, eu me engasgo, eu não consigo encarar, chegar junto, essas coisas. Queria ser aquela mulher segura que fixa nos olhos e derruba qualquer um. Mas a verdade é que eu não sei paquerar... não mesmo!

quarta-feira, setembro 19, 2007

A recompensa

Contaram-me de uma propaganda de cerveja em que um cara, sempre que ia abrir a geladeira, tomava um choque. Mesmo assim, ele ia lá e abria a geladeira de novo para pegar a cerveja.

Isso me lembrou a minha cachorra. Sempre que nós a prendemos ou quando chega visita, ou quando vamos dormir, usamos a mesma tática. Jogamos um pedaço de pão na varanda, ela vai correndo, toda bobona, atrás do pão.

É. Nesses casos, o prazer proporcionado pelo objeto de desejo superou os riscos e os males que ele pode causar. Ah, foram tantas as vezes em que agi como minha cachorrinha ou como o cara da propaganda de cerveja, tsc tsc...
Vontade de ficar só

Longe da banalidade

Eu quero ficar longe da banalidade

Porque em muitos momentos não estamos sós por pura banalidade.
Apesar da minha ansiedade, da minha pressa, quando às coisas vão rápido demais eu simplesmente me entedio delas. Quero-as no tempo certo, mesmo que meu relógio esteja sempre adiantado.

domingo, setembro 16, 2007

Sei de muita gente que passa um tempão sofrendo por amor, ou qualquer coisa parecida com isso. Sei que já sofri muito. Mas hoje eu me recuso a ficar chorando, pois se tudo é tão efêmero, se um dia partimos, e se um dia outras pessoas vão embora também, precisamos entender a beleza disso. A beleza do que é passageiro. E eu me recuso a ser triste. Também não sei o que é ser feliz, se nunca estamos de fato satisfeitos. Sei apenas que há muita vida pra ser vivida lá fora. E é bonita, é bonita e é bonita.
Depois de quase ter sido expulsa de um ônibus sem um tostão no bolso por não estar com a carteirinha de passe pra comprovar que posso usar meia entrada, fiquei bem feliz por encontrar outro cobrador que me reconheceu correndo pra mais um dia de trabalho e pediu ao motorista pra esperar um pouquinho.

É. As pessoas têm sim alguma vontade de ajudar o próximo. Tanto é que muitas vezes saio de casa sem saber como chegar aonde quero ir, mas saio perguntando e chego lá.
É tão bom não esperar nada. As coisas estão aí na sua justa medida. Nada de adiantar ou afastar. Tudo é tão simples! Tornamos nossos enredos complicados por tentar saber demais, entender demais, prever demais.

Eu aqui tô bem, sem evitar nem querer nada.

quinta-feira, setembro 13, 2007


Amor, então,

também acaba?

Não, que eu saiba.

O que eu sei é que se transforma numa matéria-prima

que a vida se encarrega

de transformar em raiva.

Ou em rima.


Paulo Leminski

quarta-feira, setembro 12, 2007

Existem pessoas que adotam soluções catastróficas. Essas, na verdade, trazem problemas catastróficos. Do tipo mandar o professor tomar no cu porque tirou nota baixa, xingar no trânsito, enjoar do curso e trancar, terminar com o namorado porque ele não ligou, ser presidente dos Estados Unidos e explodir o mundo.

quinta-feira, setembro 06, 2007

O crime perfeito

Antigamente eu escrevia nesse blog todo dia. Pois bem, não tenho me inspirado muito não. Na verdade, às vezes me esqueço desse blog. Mas hoje eu tenho uma história escrota pra contar. É sobre gaia que uma boa moça de família colocou bem em cima da cabeça do namorado mentiroso dela.

Ela conheceu o cara no carnaval. Dizem por aí que amor de verão não dura, mas esse durou, e cerca de três anos. Só que desde o começo de toda essa história, o cara mentia pra caralho pra menina séria, estudiosa, que saía pouco de casa, ficava raramente com alguém, e demorou a perder a virgindade. A moça o chamava pra sair, e ele dizia que estava cansado e não sei mais o quê. Aí ela ligava pra casa dele e a mãe dele, cagueta toda, informava que o rapaz havia saído com os amigos.

A desconfiança foi aumentando. Depois de um mês de ficância, eles começaram a namorar. Isso é tão típico, selar compromisso depois de um mês! Então o moço ia à casa dela, naquele namorinho de portão, e saía às 21h. Ela achava ruim, fazia bico, mas ele dizia que precisava estudar, repare só no moço responsável. Aí depois ela descobria que ele tava farreando em algum show de axé da vida.

Ah, mas a moça de família não podia levar desaforo pra casa. Então, no primeiro mês de namoro, ela botou ponta nele. Sim, no PRIMEIRO MÊS, quando as pessoas costumam estar apaixonadas e cegas (isso foi redundante). E sabe com quem? Com quem?, você pergunta. Com o ex-namorado, o moço que tirou a virgindade dela depois de anos de luta.

O atual namorado da boa moça nunca desconfiou, nem cogitou a possibilidade de ser corno. Claro, como uma menina que vive estudando e só sai comigo iria enfeitar minha cabeça? O mundo é estranho, meu caro. Mas a personagem da nossa história me explicou o motivo de ter botado ponta nele.

- Nunca mais o traí, só dessa vez, e é claro que ele nunca soube. Foi a melhor coisa que já fiz na minha vida. Toda vez que ele me fazia raiva, que ele mentia pra mim, eu olhava pra dele e pensava: SEU CORNO! Era meu segredo, minha vingança silenciosa. Aí pronta, a raiva passava.

Não foi só dela que eu ouvi isso, meus caros. Uma senhora de meia-idade também foi traída e se vingou da mesma forma.

- A traição é horrível. Você pensa que a culpa é sua, que alguma coisa está errada em você, que não é suficiente pra ele. Mas aí eu me realizei numa traição, da qual ele nunca soube. O que aconteceu é só meu. Quando olho pro rosto dele, e digo que o perdoei, lembro-me que fui pra cama com outro.

Eu ainda queria entender porque o silêncio é tão prazerozo pra essas mulheres. Por que elas se realizam sem passar na cara dele a traição? Será que nesse jogo de poder elas preferem rir da ingenuidade do parceiro, será que elas querem mentir por último e mentir melhor? Ou será que elas querem se manter mulheres de bons modos perante os olhos de todos, mas é gostoso saborear o proibido? Quem sabe isso, quem sabe aquilo, quem sabe tudo.