quarta-feira, janeiro 31, 2007

O meu pudim

Pouco a pouco vou enjoando de você
E pra não enjoar
Vou te degustar bem rápido
E te degustando rápido
Logo, logo vai acabar

Te como assim
Nem sinto o gosto
Só um tanto de desgosto
Contido dentro de mim

Ai, ai, ai, ai, onde foi que eu aprendi?
A não deixar no prato a metade do pudim?
Ai, ai, ai, ai, esse meu pudim que eu coloquei porção demais
Enjoadinho e eu como mais
Parece não ter fim!

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Criança, camelo, leão

Desde pequenos, nós somos filósofos. É como a criança em Asas do Desejo que pergunta: "onde eu termino e você começa? por quê eu estou aqui e não ali?". Veja como esse tipo de questionamento, muito frequente entre crianças, foi feito também por aqueles que deram os primeiros passos na história da filosofia, afinal, a investigação central dos metafísicos era acerca do Ser, da existência, dos limites entre o sujeito e o mundo.

Depois de aprender alguns signos, como quando dizem "mamãe", as crianças começam a perguntar o porquê, mas ninguém tem paciência para lhes dar respostas, pois as perguntas se sucedem. Porque sim não é resposta. Mas a mãe, impaciente, diz logo que é porque sim e está acabada a discussão.

Depois, na escola, elas pouco falam em sala de aula. Ficam diante de alguém que está ali para lhe ensinar como se a criança estivesse vazia, e os adultos esquecem de que, assim como os primeiros metafísicos, elas também se questionam sobre o mundo, as palavras, as coisas.

Então no Ensino Médio, só ouvem falar em vestibular e escrevem V ou F. Duas letras apenas para dar a decisão final acerca da verdade, que se mostra tão exata e inquestionável. Não obstante, se fossem essas verdades tão certas, como teria a filosofia, assim como a ciência, mudado tanto? Não, quase nada é dito, e só se opta pela veracidade ou falsidade do que um outro diz.

Na universidade, lidamos com gigantes com uma linguagem que parece querer ser uma linguagem acima da linguagem, e um humano acima do homem comum. Mas esses intelectuais um dia teceram explicações que provocaram risos dos seus pais. Agora suas teses parecem tão distantes do pensamento de uma criança.

Nietzsche, em Assim Falou Zaratustra, disse que era primeiro criança, depois camelo, então leão, para, finalmente, voltar a ser uma criança que ainda se arrasta pelo chão. Tudo porque ele afirmava que a convicção é maior inimiga da verdade do que a mentira. A criança seria a ignorância, o camelo aquele que carrega o conhecimento, o leão aquele que chegou à verdade, para depois ser criança, e voltar ao ponto inicial, ou seja a novos questionamentos.

Ah, mas tudo é verdadeiro ou falso, V ou F, e nós não voltamos ao ponto inicial porque temos de progredir, e assim segue a civilização. Mas eu ainda acho que desde pequenos somos filósofos.

domingo, janeiro 28, 2007

Não faz assim

Universitárias adoram professores universitários. Mas essa paixão por mestres é algo que já vem de longe, pois muitas haviam se encantado ao ver um professor na quinta, sexta série, sempre tão acostumadas às professoras do primário que mais lhe pareciam mães. Então se antes estavam acostumadas à figura de uma segunda mãe, agora não vêem no professor um pai, mas alguma espécie de homem afetuoso que exerce poder sobre elas de maneira sedutora. E quando esse homem lhes parece dócil, surge alguma vontade de perverter a ingenuidade de um homem que pretende manter a reputação ilibada.

Conheço um desses. É interessante ver o Professor, pois agora vou chamá-lo dessa forma, rodeado de meninas tão cheias de sorrisinhos, coisas ditas no canto do ouvido, aproximações que beiram ao beijo na boca. Os comentários que me fazem acerca dele, então, nem se fala.

Dizem que ele é o homem mais desejado de um determinado curso da UFS. Quase todas as alunas já tentaram lhe arrancar um beijo e algo mais, entretanto, o empreendimento nunca deu resultados. Não adianta. Professor fica sempre lá, dançando no meio das meninas até colocar a mão na cabeça, perguntar-se em alto e bom som o que estava fazendo ali, e ir embora, como já o vi fazer certa vez.

Parece-me que muito lhe agrada representar o homem ingênuo. E já ouvi algumas meninas dizerem que era exatamente a "inocência" dele o que lhes dava mais tesão. Todas queriam ser a grande sortuda, a irresistível mulher que havia corrompido o professor.

E ele nem é tão bonito. Um homem comum, com uma pequena proeminência na barriga até. Mas é objeto de desejo de quase todas as meninas de um determinado curso da UFS, como já disse, e frequentador assíduo das festas.

O que me intriga é o fato de ele viver naquele meio sem nunca se misturar de fato. Não beijar ninguém, voltar cedo. O que faz ele por ali? Sabe, ele me lembra um padre. Sabe aqueles padres de novela que ficam fugindo da tentação? Só que nas novelas eles sempre caem, afinal, é isso o que a audiência, que ironia, católica, quer. Veremos.

Copo vazio

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.

É sempre bom lembrar
Que o ar sombrio de um rosto
Está cheio de um ar vazio,
Vazio daquilo que no ar do copo
Ocupa um lugar.

É sempre bom lembrar,
Guardar de cor que o ar vazio
De um rosto sombrio está cheio de dor.

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.
Que o ar no copo ocupa o lugar do vinho,
Que o vinho busca ocupar o lugar da dor.
Que a dor ocupa metade da verdade,
A verdadeira natureza interior.

Uma metade cheia, uma metade vazia.
Uma metade tristeza, uma metade alegria.
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor.
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor.

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.


Gilberto Gil

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Senhorita Olívia

Era mais uma amiga da minha tia que só vive na igreja. Às vezes, quando vou à casa da minha tia, fico impaciente com a quantidade de padres, freiras e beatas que encontro por lá, e acabo me isolando em algum canto da casa para ouvir música ou ver filmes. Só que dessa vez essa amiga da minha tia, a quem darei o fantasioso nome de Olívia, demonstrou um particular interesse por mim e não me deixou em paz de jeito nenhum.

Assim que cheguei, ela segurou a minha blusa e leu os dizeres em inglês que havia nela. Eu disse que nunca tinha reparado no que estava escrito ali, e Olívia me aconselhou a sempre prestar atenção ao que estava escrito nas minhas roupas, pois eu poderia um dia passar alguma vergonha. Mas o que me intrigou foi a lentidão com que ela leu as palavras, e a forma como olhava atentamente com algum grau de lascívia não sei ao certo se para meus seios ou para as letras. De cara eu fiquei desconfiada.

Daí por diante, ela me seguia para onde quer que eu fosse e me contava algumas dezenas de histórias sobre seu trabalho, sua família. Eu, sempre muito educadinha e receptiva, acabei dando a entender que estava muitíssimo interessada no que ela tinha para me falar, quando na verdade, eu não via a hora de ela sumir da minha frente.

Estava com muito sono, e sentia minha cabeça zonza com tanta chateação, e tive a minha vontade tão típica de gritar. É que quando passo muito tempo escutando alguém por pura obrigação, sinto fortes impulsos de gritar e gritar como uma forma de vomitar todas aquelas palavras desinteressantes bem na cara de quem me incomoda. Isso acontece porque não sei dar fora em ninguém, então fico lá gritando dentro de mim, e explodindo a minha cara com tanto odioso tédio.

Continuamente, entre uma frase e outra, havia um gesto de aproximação, uma tentativa de aproveitar algo do meu corpo, com mãos sobre minha perna e uma volúpia disfarçada de amabilidade inocente. Então, houve um momento em que ela, depois de falar zilhões de coisas sobre si mesma, me perguntou sobre minha família.

- Você tem irmãs?

Intrigou-me o fato de ela me perguntar por irmãs, e não por irmãos, no masculino, como todo mundo faz, dado que se podem ter irmãos e irmãs e na nossa língua machista o plural é masculino, mesmo que haja dez mulheres e somente um homem.

- Não, tenho apenas irmãos.

- Ah, mas então eles devem morrer de ciúmes quando você arranja algum namorado, não é verdade?

De alguma forma, senti que o objetivo único da pergunta era saber de eu já tinha tido algum namorado na vida.

- Não, eles tinham ciúmes antigamente, mas hoje em dia acho que não, ou muito pouco.

Não pude deixar de perguntar se ela era casada.

- E a senhora? Tem marido, filhos?

- Não.

- Já foi casada?

- Também não, nunca casei.

Depois de algum silêncio, em que fiquei me perguntando se teria sido indelicada ao perguntar-lhe se nunca havia sido casada, dado que a resposta poderia lhe causar algum embaraço. Então ela pôs-se a me falar sobre sua fé, suas paixões no mundo.

- Ah, mas o que me encanta é o convento. Desde meus 12 anos que queria ser freira.

- A senhora é freira? – Perguntava-me se deveria chamá-la de senhorita, posto que não era casada, mas talvez não lhe soasse bem, e depois sempre imaginei senhorita como palavra usada em outros séculos e que cabia em moças debutantes.

- Não, não sou freira – e colocou, como tantas vezes o fez, a mão na minha perna, e me olhou, oras, com o mesmo sorriso de todas as lésbicas que já conheci, mas não me pergunte sobre esse sorriso – Mas me encanta, me encanta muito o convento. Gosto muito de ir lá.

Enquanto ela falava de Deus e distanciamento das coisas mundanas, eu só conjeturava em minha fértil e precisa imaginação, a respeito das carícias trocadas entre ela e outras freiras, sobre prováveis chupadas no convento ou quem sabe encontros sutilmente táteis, acanhados no meio de tantos orações sobre pecados e imagens sacras, mas que lhes proporcionavam imenso prazer.

Mas talvez fosse só leviandade minha, talvez! Entretanto, muito me convenci do fascínio de Olívia por mulheres ao vê-la também tão interessada em uma moça da minha idade, muito bonita e não sei se amiga da minha tia ou do namorado dela. Olívia lhe dava pequenas palmadas na perna, e uma dedicada atenção à sua blusa.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Esquecer de amar

Depois que você passa muito tempo sem amar
Esquece do que seja amor
E até duvida da sua existência
E nem sabe se um dia mesmo amou

O mundo de quem ama
É diferente do mundo de quem não ama
Posso dizer que o mundo de quem ama é bem maior

No mundo de quem ama
Todas as palavras foram tiradas do seu sentido original
E viraram metáforas
Todos os acontecimentos saíram dos jornais
E viraram poesias

Há momentos que só quem ama pode ter
Só quem ama pode saber
Porque alguém que jamais amou

Nunca vai saber
De tudo que está guardado naquele pote com folhas de rosa secas
Pois ela não queria que as flores fossem descartáveis, fossem só para enfeitar a sala por uns dias, e as guardou porque eram dele, eram tudo o que eles haviam passado juntos

Nunca vai saber
De tudo que havia
Num retrato tirado naquele dia em que tomaram banho de rio, num rio de águas geladas e limpas em terras de longe, onde se podia viver em paz, mas onde só passaram uma semana, porque tinham deveres

Nunca vai saber
De tudo que havia
Numa folha de papel em que ela lhe dizia coisas banais
De tudo que estava guardado embaixo dos lençóis
Quando conheceram o corpo e um do outro
E se conheceram muito mais
Foram homem e mulher

Não, Quem nunca amou não vai entender do que estou falando
Mas quem se esquece do que seja amar começa também a não entender
Pode sentir saudade de tudo
Dos pequenos gestos que amou
Do aconchego do abraço que amou
Do beijo que depois os deixavam com vergonha, da timidez de quem está começando a gostar e não sabe o que faz com tanta coisa

Sente saudade até de ter chorado de amor e de ter encontrado em todas as músicas
uma voz que compartilhava do seu sofrimento
De ter achado em todas os poemas o sentido da sua dor

Mas não tinha saudade, disto não tinha saudade
De ter um dia ouvido as palavras que tocavam no seu ponto fraco
Quando mexeram com sua maior angústia como se aquilo fosse banal
De ter um dia cometido com alguém
O erro que sempre cometera consigo
Disso não tinha saudade

Mas de uma coisa tinha certeza
Que amar valia a pena
Valia sim!
Só que já tinha esquecido de amar...
E até queria amar, mas só quando fosse preciso!
Talvez não tivesse se esquecido do que era amar
Afinal, se assim fosse não teria feito esse poema.

sábado, janeiro 13, 2007

Tristeza não tem fim, felicidade sim

Estava fazendo um trabalho de filosofia, quando me deparei com coisas muito interessantes ditas por Wittgenstein a respeito da felicidade.

Na história da filosofia, muitos filósofos se dedicaram a pensar sobre o que é felicidade e sobre como podemos alcançá-la. Para Schopenhauer, inspirado no budismo, a "felicidade" era obtida justamente na negação da procura por ela. Ele falava em negar a vontade, o querer que nos agarra à vida, que nos faz desejar demais e sofrer pelo que não conseguimos, que nos leva a ter vícios e sermos fúteis. Se a tristeza estaria em não conseguir o que se quer, então a solução era não desejar nada.

Já Nietzche discordava da concepção de Schopenhauer, e dizia, pelo contrário, que nós devemos ter a vontade de potência, sermos espíritos livres, super-homens, e denunciava a fraqueza daqueles que preferem não desejar para não sofrer. Além disso, nós deveríamos ter o amor fati, o que significa amar a vida mesmo quando estamos em desgraça, o amor incondicional à existência e o reconhecimento da força.

Mas o pensamento de Wittgenstein foi o que me chamou a atenção. Ele dizia que o mundo do infeliz é bem maior do que o mundo do feliz. O infeliz deseja, tem medo do futuro, recorre às lembranças do passado para não deixar esvair o que já não existe mais. O infeliz vive cambaleando, impreciso nos limites do tempo, nunca sabe direito onde é o presente, e de tanto temer e desejar pode ignorar um presente bonito como se não fosse nada, para mais tarde revivê-lo com todas as forças.

Enquanto isso, o feliz vive o presente. Wittgenstein dizia "se entendermos por eternidade não a duração infinita do tempo mas a atemporalidade, então vive eternamente quem vive no presente". O feliz não teme a morte, porque a morte, como dizia Wittgenstein, não é um evento da vida. Ninguém vive a morte.

O feliz não problematiza a existência, e ele vive em adequação com o mundo. Adequação não no sentido conformista da palavra, mas com relação a estar em harmonia com o mundo pelo que ele é, porque pode-se até querer, mas entende-se que o mundo independe da minha vontade, e nem tudo o que quero será realizado, então não me coloco em outros mundos para fugir, mas aceito a facticidade desse mundo.

Entretanto, Wittgenstein não constrói uma ética, nem dita o que é felicidade. Para ele a felicidade é inefável, nós não podemos determinar o que seja felicidade simplesmente porque ela é o que é, ela não se problematiza, e é simples como um beija-flor. Problematizar a respeito da felicidade é um contrasenso. Olhe para um cão e veja se ele pensa sobre o que é ser feliz.

Wittgenstein tanto afirma que não quer elaborar uma ética, que até questiona: quando digo que o mundo do infeliz é maior do que o do feliz, eu não pretendo elaborar uma ética, pois, afinal, quem vive no presente, esse ponto sem extensão? E o que é presente?

Toda essa história sobre a felicidade me lembra o comentário que professora Lilian fez na aula sobre o livro de Schpenhauer, A Arte de Ser Feliz. Ela disse que ao ver aquela obra entre centenas de livros da sessão de auto-ajuda na livraria, ela teve pena daquele que comprasse A Arte de Ser Feliz em pleno desespero na esperança de encontrar algum conforto, dado o pessimismo de Schopenhauer.

É, mas talvez seja assim com todos os livros de auto-ajuda, com todas as fórmulas fáceis de felicidade, com todos os clichês: procura-se o manual para ser feliz, quando a felicidade é tão banal.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Broadcast Cicarelli


Navegando pelo orkut, comecei a buscar comunidades sobre diversos assuntos, quando me lembrei daquela história da Cicarelli e procurei saber o que os orkuteiros achavam do episódio do Youtube. O resultado foi que encontrei no site de relacionamentos sei lá quantas, pois tive preguiça de contar, mas sei que eram muitas comunidades falando mal da Cicarelli. Só na comunidade Eu Odeio Cicarelli havia quase 100 mil pessoas. Na descrição, falava-se que ela teria cometido um crime, atentado ao pudor, e ainda queria deixar os brasileiros sem Youtube.

No mesmo dia em que visitei as comunidades que escrachavam a Cicarelli, li uma matéria da Folha, senão me engano, em que Cicarelli botava a culpa no namorado, dizia que não tinha nada a ver com aquela decisão judicial e que até gostava de assistir aos vídeos do Youtube, "cheios de coisas engraçadas e inteligentes".

Eu me acabei de rir. É aquela velha história, "o cliente tem sempre razão". E tenho me perguntado desde o início do escândalo acerca daquele insólito episódio como diabos a Cicarelli vai viver agora, quem ia querer estampá-la num outdoor pra todo mundo se lembrar logo daquelas cenas na praia? De certeza que se a Coca-cola fizesse uma propaganda com ela eu ia me lembrar disso. E a MTV quer lá saber dela depois de ter recebido milhares e milhares de cartas e emails chamando-a de puta, vagabunda, tudo menos de santa, e pendindo para a dona sair do canal formador de punkekas de shopping?

Além de ter recebido deveras enxovalhos do público, imagine quanto dinheiro a Cicarelli perdeu. Muito dinheiro mesmo. Agora ela fica aí desnorteada, querendo de volta esse dinheiro, digo, esse público, sem saber o que faz com Youtube, e processa, e depois diz que adora o Youtube. Só duvido muito que eu volte a vê-la num outdoor. Será?

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Você tá triste ou acabou de gozar?

Estava pensando na morte da bezerra com aquela cara de paisagem, quando de repente...

- Moça, sorria! Não fique triste não!

- Eu não tô triste.

- Sorria, uma moça bonita como você!

- o.O

- Oh, moça, eu não quero ver você triste!

- Olha, eu não tô triste, é sério. Eu tô bem, de verdade.

- Ah, mas se você quiser desabafar viu, qualquer coisa pode conversar comigo.

- Eu não tô triste, na verdade eu estava distraída, viajando nas idéias, sabe é meu jeito mesmo.

- Ah é seu jeito? Mas não pense demais! Não fique triste!

- o.O

- Veja eu, eu crio duas filhas sozinha, e nem por isso estou assim quem nem você.

- o.O Tá certo, mas eu não tô triste.

- Ah, tá, minha mãe já disse a mim que eu tenho que parar com isso, tenho que deixar de achar que todo mundo deve ser assim como eu, pra cima o tempo todo.

- Anram. Mas eu não tô pra baixo não viu.

- Olhe, qualquer coisa viu, se quiser conversar...

- Ok. Tchau.

*

Andando em direção ao Terminal Campus, minha amiga Z. vem me falar da opinião do seu namorado sobre mim...

- T., sabe o que o meu namorado disse de você?

- O quê?

- Que você tá sempre com cara de quem acabou de fazer sexo.

- Ham? Como é isso?

- Não sei. Disse que você parece cansada, sabe aquela coisa que quando você acabe de fazer vai fumar um cigarrinho. Então, você parece que acabou de fazer sexo e fumar um cigarrinho.

- o.O Eu ein.

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Eu não quero ser uma sereia


Depois de me ver dançando "Sou praiero, sou guerreiro, tô solteiro, quero mais o quê?" com meus pequenos primos eu cheguei à conclusão, assim do nada, que uma pessoa como eu não daria pra ser mãe. Eu seria algo do tipo Cher em Minha mãe é uma sereia, sabe aquela mulher solteira que vive se mudando e faz comidas engraçadas. Aí então talvez eu tivesse de lidar com um filho puto com uma velha que se comporta como se ainda tivesse 20 e poucos anos. Dizem que cada fase é uma fase, e a gente tem que brincar e se esbagaçar quando é criança, e viver em função das contas a pagar quando se é adulto. Mas quem determinou o que deve ser vivido? Quem disse que com 18 anos eu entro na universidade e vou pra festas em república, que com 23 eu me formo, aos 24 arranjo um emprego, aos 25 caso, e aos 40 eu já proíbo meu filho de ir a uma festa? Será que eu não posso escolher não? O problema é que quando a gente tem um filho não é só assim, porque a gente tem uma responsabilidade danada com a vida de uma criança. Ah tah, então quer dizer que você seria uma mãe desleixada que sai por aí e deixa um guri de cinco anos preso dentro de casa. No way. Eu tenho é medo de levar uma faixa enorme e dar gritinhos na formatura do ABC do pirralho, e mais tarde ele ainda ter de se bater comigo em shows de rock. Mas calma, calma que isso passa, daqui a pouco eu vou ser uma daquelas pessoas que só fazem colecionar discos do Elvis.