terça-feira, novembro 28, 2006

Orgasmo ajuda a acabar com a guerra no mundo

Dois activistas da paz dos EUA planejaram a grande manifestação anti-guerra, que decorrerá no dia 22 de Dezembro. Querem que neste dia toda gente fique em casa.

A organização Orgasmo Global pela Paz foi criada por Donna Sheehan, 76 anos, e Paul Reffell, 55 anos. Dois activistas acham que o orgasmo vai ajudar a focar-se na paz mundial.

“O orgasmo provoca um sentimento incrível de paz durante e depois dele,” declarou Refell.

Os activistas estudaram psicologia e acreditam que a razão da guerra é o desejo do homem impressionar outro homem, quer dizer “o meu míssil é maior do que o teu,” segundo Reffell.

Reffell e Sheehan querem tentar transformar a energia sexual das pessoas em algo mais positivo.

Mas os activistas não são estranhos ao sexo e ao activismo social. Em 2002 Sheehan pediu a cerca de 50 mulheres tirar a roupa e gritar a palavra “Paz”.


Fonte: Site Pravda

Conversa de ônibus

Essa conversa eu ouvi ontem à noite a caminho da aula de Filosofia da Linguagem, que não tive. Eles falavam tão alto que não tinha como não ouvir...

- Um dia desses ela virou pra mim e disse "Eu te amo". Mas veja só, quando foi no sábado ela me ligou do celular umas 10 da noite e disse que estava na festa da Derrota. E que amor é esse?

- É né.

- Sabe, não tem como entender as mulheres.

- Ah, que nada. Vai ver que não é pra tentar entender.

- É? Vá nessa que quando você for se dar conta já vai estar com um belo par de chifres na cabeça.

- Que é isso, rapaz, você diz isso porque tá revoltado.

- Revoltado não, é verdade.

- Anram.

- E você com a Mariana?

- Tô bem.

- Você ama a Mariana?

- Anram.

- Você disse pra ela?

- Disse.

- E aí?

- Ela fez "anram".

- Poxa, se eu dissesse "eu te amo" pra alguém e essa pessoa me respondesse "anram"...

- Eu perguntei, "você me ama?", e ela disse "anram".

- As mulheres são incompreensíveis aos humanos.

- Aos humanos homens né?

- Sim, aos humanos homens.

O desapego

- Marthe, ele foi seu amante?

- Sim -disse ela- Mas estou interessada no filme.

Naquele dia, Mersault começou a apegar-se a Marthe. Ele a conhecera há alguns meses, atraído por sua beleza e por sua elegância. Um rosto um pouco largo, mas regular, os olhos dourados, e os lábios tão bem pintados que ela parecia alguma deusa de rosto desenhado. Uma tolice natural que brilhava nos seus olhos acusava, ainda, seu ar longíquo e impassível. Até agora, a cada vez que Mersault tinha com uma mulher os primeiros gestos decisivos, consciente da desgraça que determina que o amor e o desejo se expressem da mesma forma, ele pensava no rompimento antes de ter estreitado esse ser em seus braços. Mas Marthe acontecera num momento em que Mersault se liberava de tudo e de si mesmo. A preocupação de liberdade e de indiferença só é concebível num ser que ainda vive de esperança. Naquela época, para Mersault, nada contava. E, na primeira vez em que Marthe se descontraiu nos seus braços e que ele viu, nos traços que a proximidade tornara suaves, os lábios até então imóveis como flores pintadas, animarem-se e oferecerem-se a ele, não vislumbrou o futuro através dessa mulher, mas toda a força de seu desejo fixou-se nela e encheu-se com essa aparência. os lábios que ela lhe estendia pareciam-lhe a mensagem de um mundo sem paixão e inflado de desejo, em que seu coração se teria satisfeito. Isto ele sentia como um milagre. O coração batia com uma emoção que quase confundiu com o amor. E, quando sentiu a carne cheia e elástica sob os dentes, foi uma espécie de liberdade selvagem que mordeu furiosamente, depois de tê-la acariciado com os próprios lábios durante muito tempo. Tornou-se sua amante naquele mesmo dia.

A morte feliz, Albert Camus

sexta-feira, novembro 24, 2006

terça-feira, novembro 21, 2006

O quereres

Onde queres revólver sou coqueiro, onde queres dinheiro
sou paixão
Onde queres descanso sou desejo, e onde sou só desejo
queres não
E onde não queres nada, nada falta, e onde voas bem
alta eu sou o chão
E onde pisas no chão minha alma salta, e ganha
liberdade na amplidão
Onde queres família sou maluco, e onde queres
romântico, burguês
Onde queres Leblon sou Pernambuco, e onde queres
eunuco, garanhão
E onde queres o sim e o não, talvez, onde vês eu não
vislumbro razão
Onde queres o lobo eu sou o irmão, e onde queres
cowboy eu sou chinês
Ah, bruta flor do querer, ah, bruta flor, bruta flor
Onde queres o ato eu sou o espírito, e onde queres
ternura eu sou tesão
Onde queres o livre decassílabo, e onde buscas o anjo
eu sou mulher
Onde queres prazer sou o que dói, e onde queres
tortura, mansidão
Onde queres o lar, revolução, e onde queres bandido eu
sou o herói
Eu queria querer-te e amar o amor, construírmos
dulcíssima prisão
E encontrar a mais justa adequação, tudo métrica e
rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés, e vê só que cilada o amor
me armou
E te quero e não queres como sou, não te quero e não
queres como és
Onde queres comício, flipper vídeo, e onde queres
romance, rock'n roll
Onde queres a lua eu sou o sol, onde a pura natura, o
inceticídeo
E onde queres mistério eu sou a luz, onde queres um
canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro, e onde queres
coqueiro eu sou obus
O quereres e o estares sempre a fim do que em mim é de
mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal, bem a ti, mal ao
quereres assim
Infinitivamente pessoal, e eu querendo querer-te sem
ter fim
E querendo te aprender o total do querer que há e do
que não há em mim


Caetano Veloso

segunda-feira, novembro 20, 2006

Bandeira a dois


Internet tem cada coisa... Confira...

Sou taxista há 15 anos, 12 deles no mesmo ponto. Sou casado e tenho quatro filhas lindas. Minha esposa é muito dedicada. Tenho um caso com uma grã-fina há dois anos. Mas, para mim, isso não é traição. Traição seria se eu pagasse o motel e deixasse de colocar arroz e feijão dentro de casa. Como é ela quem paga o motel e a corrida até lá, então não acho que esteja traindo alguém. Ela sim trai o marido, pois paga com cheque de uma conta conjunta.

Ronaldo,Rio de Janeiro,RJ

domingo, novembro 19, 2006

sábado, novembro 18, 2006

Só Wittgenstein poderá nos salvar!

Eu sei que o título é de pimba. Mas, caro (a) leitor (a), dessa vez juro que não foi minha culpa. Essa frase foi dita aos brados pelo meu professor de Filosofia da Linguagem. Então o que quero falar neste texto? Bem, quero dizer que, de fato, percebi o quanto o pensamento de Wittgenstein poderá nos ajudar (não só eu, você também viu) a solucionar os problemas cotidianos de excessos de idéias desastrosas. Sabe aquele problemão que você arrumou? Tsc tsc, pode ser apenas um exemplo de mal uso da linguagem!

Você pode achar que estou brincando, mas estou falando sério sim. Veja bem, Wittgenstein dizia que houve na história da Filosofia uma série de pseudo-problemas. Filósofos se questionando sobre o tempo (ó), Deus (ó), e dizendo coisas aparentemente geniais, produndas, quando na verdade não diziam coisa com coisa! Wittgenstein vem botar ordem nessa bagaceira e manda esse povinho deixar de verborragia e reconhecer os limites do sentido. Do que não se pode falar, deve-se calar, diz o grande homem.

Ele fala de uma tal de "terapia gramatical". Trata-se de exercitar a crítica filosófica, de perceber até onde a linguagem pode ir, de reconhecer os diversos significados e, além do mais, ver que eles podem ser verdadeiros, mas sempre lembrando dos limites do sentido, afinal, não se pode olhar pra Monalisa e dizer "I like bananas". Agora veja como Wittgenstein pode ser de grande valia, muito melhor do que qualquer livro de auto-ajuda ou qualquer psicólogo.

Sabe aqueles pensamentos que a gente tem que não levam a lugar algum? Que só trazem preocupação? São apenas péssimos usos da linguagem! Isso mesmo! Você formulou que isso e aquilo, quando na verdade era uma questão trivial. Você não passa de um (a) filósofo (a) ruim, meu (a) caro (a).Além disso, algo que causa muitos mal-entendidos no cotidiano é essa história de achar que só o seu entendimento dos signos, das palavras, enfim, é válido. Não! É preciso entender como legítimas aquelas coisas que você acha absurdas, mas que podem ter sentido sim. Então caia na terapia gramatical!

Entendeu, né? Wittgenstein não explica, e assim é bem melhor. Entretanto, ele mesmo era um porra louca, que chega no final do Tratactus Logico-Philosophicus e diz: quem compreendeu o que eu disse no Tratactus, entende que tudo o que eu afirmei não faz sentido. Bem, entenda como quiser! E deixe de lado seus pseudo-problemas!

quarta-feira, novembro 15, 2006

Viva os sacanas e escrotos! Rá!

aiai
faça a monografia com carinho
depois quero ler
hehe
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkk
tah... mas n se mate dps, viu?
se ficar mto chata
¬¬ diz:
vinicius
deixe de falsa modestia
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkk
não eh falsa modéstia
pode ateh ser q fique boa e chata ao msm tempo
há várias coisas boas que são chatas
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkk
rapaz
aquele seu comentario
"como tudo na vida, é um pouco chato"
putz
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkk
¬¬ diz:
até escrevi um texto pro meu blog falando disso
Vinícius, esse mesmo diz:
noooosa
vc tem blog?
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkk
Vinícius, esse mesmo diz:
me mostra
¬¬ diz:
nao
é muito tosco

Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkkkk
tah bom
vou perdoar
pq eu escrevo tosqueiras tb
e n mostro pra ng
nem chantagem sexual funciona
são meus arquivos secretos
com senha e td mais
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
oh peste
nao vinicius
mande um texto aí vá
na boa
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkkk
¬¬ diz:
vc devia ter um blog, seria muito engtraçado
Vinícius, esse mesmo diz:
eu vou ter um um dia
qdo algum psicólogo me der alta
psicólogos dão alta?
¬¬ diz:
acho q nao
uma psiquiatra dizia pra mim q fazia analise há 11 anos
e q todo mundo devia fazer analise
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkkkk
¬¬ diz:
eles acham q é essencial reclamar da vida pelo menos uma vez por semana pagando por isso
Vinícius, esse mesmo diz:
por isso que eu reclamo tds os dias de graça... sobretudo qdo vejo algum evangélico otimista puxando assunto cmg
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
rapaz
a ultima pessoa pra quem eu relcamaria da vida
é um evangelico
logo ia dizer q jesus me ama
q ele é minha salvaçao
sacoi
Vinícius, esse mesmo diz:
mas essa eh a parte boa...
pq vc vira pra ele e faz: "jesus??? a última vez que eu ouvi falar de jesus foi na semana santa, meu filho"
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Vinícius, esse mesmo diz:
eh dose reclamar da vida
td mundo acha feio, neh?
¬¬ diz:
pois eu reclamo pra caraio
devia reclamar menos
Vinícius, esse mesmo diz:
msm com tantos personagens mau-humorados célebres
¬¬ diz:
quem quem?
Vinícius, esse mesmo diz:
os Smurfs
aquele bem mal-humorado
¬¬ diz:
eu admiro aquelas pessoas suber equilibradas q nunca reclamam da vida, sempre otimistas com tudo, apesar de algumas serem um saco
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Vinícius, esse mesmo diz:
a maioria é um saco msm
comem lentilhas no ano novo
será?
vestem branco
tomam banhos demorados
e acordam de bom humor
acreditam nos segredos da respiração
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Vinícius, esse mesmo diz:
resumindo... são um saco
¬¬ diz:
o q sao segredos da respiraçao?
kkkkkkkkkkkkk
Vinícius, esse mesmo diz:
sei lah...
a sobrevivência?
¬¬ diz:
jkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Vinícius, esse mesmo diz:
a manutenção do fôlego
eu tb penso mto nisso
¬¬ diz:
isso lembra a piada sem graça da loira burra
ham?
Vinícius, esse mesmo diz:
eu respiro... e pra mim não eh segredo nenhum
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
q nada a ver da porra
Vinícius, esse mesmo diz:
qual a piada da loira?
¬¬ diz:
vc jah viu aquele livro? q diz q vc é um espermatozóide vencedor?
a q fica ouvindo no gravador "inspira, expira"
Vinícius, esse mesmo diz:
não
q livro eh esse?
¬¬ diz:
é de um tal de augusto cury, Você é insubstituivel
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
augusto cury
¬¬ diz:
diz q o óvulo é julieta e o espermatozoide é romeu
o grande romance da humanidade
Vinícius, esse mesmo diz:
ele é a excelência da minha auto-estima
¬¬ diz:
q vc , entre milhoes de espermatozoide
foi o q conseguiu
é verdade
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
mas que tipo de consolo eh esse, hein?
eu devo ficar triste pelos bilhões de espermatozóides que não conseguiram?
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
nao poh
vc é o q conseguiu, aih diz q vc deve lembrar disso q ver q pode conseguir tudo
enfim, é ridículo
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkk
q louco
vc queria ser bem-humorada às custas de augusto cury?
eu prefiro ser mal-humorado
pq eu penso na chacota que vão tirar do meu bom-humor
qdo souberem q eh td à base de augusto cury
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
entao
eu conheço uma mulher q lê os livros dele e diz q aquilo faz o dia dela mais feliz. ela só fala de deus, de como o dia é lindo, q a beleza das platinhas do jardim dela e bla bla
eu nao sei
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkk
¬¬ diz:
queria ser idiota mesmo
Vinícius, esse mesmo diz:
eu prefiro o rabujo da terceira idade
¬¬ diz:
mas existe mal humor legal, engraçado, e tem aquele q é um saco
o mesmo pro bom humor
Vinícius, esse mesmo diz:
eh... isso eh
eu gosto dos bem-humorados que são sacanas e escrotos
que riem da própria desgraça
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkk
e dos mal humorados sacanas e escrotos
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkk
¬¬ diz:
pessoas sacanas sao legais
Vinícius, esse mesmo diz:
exato!!
resumindo: gosto dos sacanas e escrotos
não importa o temperamento
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
é vero

terça-feira, novembro 14, 2006

A morte não se vive

Estava estudando Filosofia da Linguagem, disciplina bem complicadinha, mas da qual gosto muito, e me deparei com os seguintes dizeres de Wittgenstein, em Tratactus Logico-Philosophicus:

A morte não é um evento da vida. A morte não se vive.

Se por eternidade não se entende a duração temporal infinita, mas a atemporalidade, então vive eternamente quem vive no presente.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Esse nobre vagabundo

Quando eu era guria gostava muito da Daniela Mercury. De uns tempos pra cá, não sei como nem porque, antipatizei um pouco com ela. Mas hoje ouvi essa música no meu condomínio, e veja que letra bonita:

Nobre Vagabundo

Quanto tempo tenho
Pra matar essa saudade
Meu bem o ciúme
É pura vaidade
Se tu foges o tempo
Logo traz ansiedade
Respirar o amor
Aspirando liberdade

Tenho a vida doida
Encabeço o mundo
Sou ariano torto
Vivo de amor profundo
Sou perecível ao tempo
Vivo por um segundo
Perdoa meu amor
Esse nobre vagabundo

domingo, novembro 12, 2006

Que merda!

Tem gente que não aprende nunca!

O jeito é mangar...

Erra uma vez

nunca cometo o mesmo erro
duas vezes
já cometo duas três
quatro cinco seis
até esse erro aprender
que só o erro tem vez

Paulo Leminski

Viva o lado coca-cola da vida

Estava na casa de minha avó, e depois de almoçar sob ordens dela, pois há de saber que minha avó quer as coisas nas horas certas, seja almoço, sono, enfim, deitei-me no sofá para assistir aos enlatados americanos. Aqui em casa não tem Tv a cabo, e às vezes gosto de conferir no lar doce lar de vovó o que está rolando na estranha cultura da televisão segmentada. Clipe após clipe, um tema se repetia: o amor. Eu te amo pra lá, eu te amo pra cá, você é meu sol, minha lua, minha flor, e demais seres, astros, satélites da natureza. Haja saco. Lembro que o Bono uma vez disse que é muito difícil fazer canção de amor, porque ô teminha batido, uma raridade não cair da breguice (algumas raras exceções vide Chico Buarque e Vinícius de Moraes, mas até Caetano já fez músicas de amor de péssimo gosto). Tá ok, entre uns clipes e outros a gente vê comerciais compre, compre, compre. Sabe, uma onda aquela propaganda do velhinho que toma coca-cola e vira o rei da cocada preta. Então desliguei a Tv, e lá vem música de igreja, senhor eu sei que tu me sondaaaaaaas, seeeenhor! Olha, pode parecer bobagem, mas pensei uma coisa: acho que os três deuses do nosso mundo são o amor, o Deus e o dinheiro. E quem não tem nenhum dos três faz o quê?

sábado, novembro 11, 2006

eu vejo um mundo grande grande com poesias imensas imensas cantadas ao luar das janelas da noite ventanias passados mundos incertos de ninguém eu só queria esquecer que existe o tempo e ficar na dimensão exata dos meus espaços mas não caibo dentro de mim e me acasalo a tudo eu só queria estar exatamente onde estou mas meus sentidos desconhecem a distância que separa meu pensamento das coisas e as coisas são também palavras poesias eu só queria deixar de ser isso tudo para ser simples como um cão um bicho sem deus mas todos os deuses tenho eu distribuídos pelas plataformas os mares os trens que afundam nas nuvens da noite e acordam diante das neblinas não não quero a morte quero apenas a vida ao natural a vida do mar porque o mar não tem poesia nenhuma o mar é mar uma mulher é uma mulher e tudo se acaba mas era preciso não saber que se acaba porque pra vida que é apenas vida não existe morte nem poesia e temo que o presente se escape porque não o alcanço perdida nas idas e vindas do passado e do futuro que nunca chega e sempre vai embora me deixe dormir aqui apague a luz eu quero ficar só com meu lençol e peço a mim mesma pra não sonhar ah só quero deixar de ser deixar de ser sem morrer por um instante

Namoro ou amizade


Em uma tarde de sábado entediante como a de hoje, estava assistindo a um programa do qual não recordo o nome, e que é apresentado por Márcio Garcia. No palco, gente simples, que geralmente diz ter apenas o ensino médio. Mas o que me chamou a atenção nesse programa foi o fato de ver mulheres e homens desesperados por sexo, romance, ou seja lá o quê, bem como as perguntas pra lá de indiscretas do apresentador.

Logo depois que uma mulher se apresentava, Márcio Garcia vinha com suas intervenções na vida particular dela. Como foi seu último relacionamento? Faz quanto tempo que não namora? Por que terminou? E eu me perguntava o tempo inteiro porque ninguém dizia um belo "não é da sua conta".

Durante uma dessas entrevistas, uma moça disse que seu último namoro terminou por incompatibilidade de gênios. Márcio Garcia logo destilava seu veneno que agradava a platéia e provavelmente fazia subir os índices de audiência. Perguntava se na verdade ele não teria terminado porque tinha arranjado outra, e por aí vai. Outra moça disse que seus relacionamentos eram efêmeros, e que o mais duradouro foi de apenas seis meses. Segundo ela, os rapazes simplesmente paravam de ligar, sumiam. O apresentador, que não deixava de arrancar alguns risos contidos das dançarinas seminuas, questionou qual seria a razão de os homens fugirem dela. O mais estranho é que a invasão de privacidade parecia não incomodar as senhoritas, e tudo era normal, extremamente normal se expor para um público do Oiapoque ao Chuí.

Francamente, não sei o que se passa na cabeça daquelas pessoas que se mostram aos olhos levianos que desnudam, zombam, interpretam como querem a vida pessoal dos outros. Engraçado como ninguém olha para o próprio umbigo nem lembra de suas próprias dores de cotovelo, inseguranças, loucuras de amor, suas cagadas em geral. Não, vemos um bando de juízes com reputação ilibada. Entretanto, problema é de quem se presta a esse papel, não é verdade, a gente precisa saber que pode sempre estar diante das platéias mais hostis nos palcos da vida.

Agora fica a pergunta: o que leva alguém a se expor dessa forma? Estariam atrás de alguém pra acabar com sua carência nas solitárias noites de sábado? Ou queriam mesmo a atenção das câmeras, subir ao palco, chegar perto do Márcio García e conversar com ele como se fosse um compadre. Às vezes algumas pessoas parecem se sentir em casa no universo que todos os dias entra pela sua casa através da telinha. Mas aquele lugar nunca vai ser lar de ninguém, nem acolher ninguém, ou dar atenção verdadeira e resolver problemas pessoais. E disso a gente sabe.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Baila, baila comigo


Quando tinha uns quatro anos, eu vestia uma saia colorida e um top para dançar lambada ao som de Beto Barbosa. Eu sei que isso é ridículo, mas o fato é que sempre fui e sempre serei apaixonada por dança. Adoro tunz tunz, vi mil vezes "Grease, nos tempos da brilhantina", queria dançar como aquele cara do Jamiroquai, acho tango um charme, dança espanhola é o auge, pago pau pra Madonna, chorei assistindo a La Bamba e Selena, sou fã do Elvis, amo passinhos robóticos de coreografias de boy bands, amo os malucos no shopping a mexer o corpo feito imbecis naquele clipe tosco do Fatboy Slim, eu me requebro por macarena, me rendi à tosquice de "baila, baila comigo", e até já escandalizei dançando Rick Martin em cima da mesa numa festa. Após conferir minha perfomance, alguns disseram que eu deveria investir seriamente na carreira de estrela teen. Seria eu uma pop star do agreste? Mas não vá se fuder não!

quinta-feira, novembro 09, 2006

Fazer nada

Tenho pensado muito sobre meu cansaço, e cada vez que o percebo, pego, levo-o pra casa, e meu mundo vai ficando cada vez mais parecido com uma esteira de academia. Você olha toda hora pro relógio, e quer com todas as forças tomar dois litros de água gelada e cair em cima da cama. Aí me lembrei de uma vez em que eu estava assistindo a uma aula de uma professora que admiro muito, Lilian. Ela ministrava um curso sobre Escola de Frankfurt, e naquele exato momento falava de Adorno e suas teorias pra lá de pessimistas. Dizia Adorno que o tempo é determinado pelo modo de produção, que nossa agenda é feita de acordo com o trabalho; depois chegamos em casa após um longo dia de labuta, ligamos a TV, e nos entretemos com programas que nos seduzem a comprar coisas com o dinheiro do nosso suado trabalho. Então ela disse que às vezes era necessário se divertir, que essa história do Adorno de não participar do entretenimento da mídia era balela. Mas o que me chamou a atenção mesmo foi quando ela repousou o giz sobre a mesa, e disse com a mão encostada no quadro e o corpo exausto:

- Sabe, eu queria ter um tempinho pra não fazer nada. Nem ouvir música, ver TV, filme, nada. Eu só queria não fazer absolutamente nada por uns instantes. NADA. É, mas como eu ia dizendo...