sexta-feira, setembro 29, 2006

Rindo da mídia: parte I

E agora vocês com seus jornais? Pensam que com sua mídia de bosta podem fazer o que quiserem com a opinião pública? HA! Vocês são menos espertos do que pensam!

terça-feira, setembro 26, 2006

Doutor é quem tem doutorado

Eu perco a minha paciência! Se tem uma coisa que me irrita é essa história de chamar médicos, adêvogados e associados de doutores. E desde quando graduados são doutores? Não me venha querer que eu chame gente que só fez ler apostila de faculdade de doutor. ME POUPE!

Esse é o cúmulo da falta de bom senso. Aí tem gente que argumenta: nãaaao, mas quantos anos um médico estuda? Seis! E ainda faz residência! Por isso eles são doutores. Santa Ignorância! Meu querido, existe uma diferença entre um doutor e um não doutor, que você aparenta desconhecer. É simples: um doutor PRODUZ conhecimento, enquanto médicos e adêvogados apenas APREENDEM (quando não decoram mesmo). É uma senhora diferença.

Médico só é doutor se tiver doutorado. Por que ele seria diferente de um graduado em História, Letras, Filosofia? Os médicos ainda têm a desculpa tosca de que estudaram por mais tempo, mas e os adêvogados? Nem isso. Apenas acham que são doutores porque, ora, quem tem muita grana é doutor, não é? Claro, Roberto Marinho tinha uma cadeira na Academia Brasileita de Letras! Então um juiz esnobe que tece interpretações escrotas da lei merece ser chamado de doutor. E dá-lhe ignorância.

Não acho que devemos agora reverenciar pessoas que fizeram tese, ou chamá-los de doutores. Entretanto, é preciso lembrar que eles sim são doutores, e o são porque fizeram uma tese. Mas nem por isso eu devo puxar o saco de doutor nenhum. E tenho dito!

terça-feira, setembro 19, 2006

Dia bom começa com delícia

O pessoal de Recursos Humanos vive falando em motivação. Colocam textos apócrifos de internet e frases de livros de auto-ajuda pro pessoal ler com o objetivo de tornar as pessoas mais animadas pro trabalho. Pois hoje fiz minha sugestão. Mande esse povo dar uma boa trepada antes de ir trabalhar!! Que porra, quanta gente mal educada, que horror!!! Queria ver eles não se motivarem... Iam ficar parecendo aquele povo de propaganda de margarina.

segunda-feira, setembro 18, 2006

A vitrola


Tati demorava-se muito tempo no parapeito da janela vendo o mar, vendo a vida. No arranha-céu entravam centenas de embrulhos de encomendas. Que haveria dentro deles? interrogava. Que vontade de abri-los para ver o que têm dentro!

Na calçada, nos ônibus, nos bondes, desfilavam os gigantes, gente que não brincava, ocupada com qualquer coisa que Tati não compreendia e que era um mistério. As mulheres que passavam na praia pareciam-lhe divindades...

Algumas dessas divindades não costumavam pagar as contas. Manuela teve prejuízo. A dona da casa sabia disso. Entretanto, veio declarar à costureira que não podia esperar mais, o atraso já era grande:

- A senhora compreende, não é? Eu não quero desconfiar de ninguém... Longe de mim... Mas os impostos estão cada vez... A senhora sabe... Além disso, estamos no fim do ano, vem aí o reveillon, as minhas filhas precisam se divertir, tudo são despesas... A vida está difícil.

Tati, chegando da praia no momento, interveio na conversa das duas mulheres:

- Fizemos uma montanha de areia, mamãe, que só você vendo...

- Espera, minha filha, deixa tua mãe conversar.

- ... E lá em cima pusemos, sabe quem? Carolina...

- Em todo caso, prosseguiu a proprietária, ainda posso esperar uns três dias.

- Depois, continuava por sua vez Tati, fizemos um buraco que acho que vai sair na Europa...

- Não atrapalha, menina! gritou a costureira, afastando a filha. E virando-se para a proprietária:

- Mas a senhora podia deixar que eu levasse ao menos a máquina para terminar algumas costuras.

- Só se deixar a vitrola, como garantia.

A proprietária ficou satisfeita, as filhas teriam vitrola para dançar. E Manuela deixou correr uma lágrima.

Trecho de Tati, a garota e outras histórias, de Aníbal Machado

domingo, setembro 17, 2006

Era uma vez...

Incrível como fui descobrir tão tarde o quanto gosto do jornalismo. Agora percebo como é gostoso o meu trabalho, de conversar com tanta gente, de achar em coisas aparentemente bobas ótimas histórias. Porque nós jornalistas, um dia serei de fato uma, somos contadores de histórias. E isso é bonito, apesar de todos os pesares.

sexta-feira, setembro 15, 2006

Mensagem à poesia

Não posso
Não é possível
Digam-lhe que é totalmente impossível
Agora não pode ser
É impossível
Não posso.
Digam-lhe que estou tristíssimo, mas não posso ir esta noite ao seu encontro.

Contem-lhe que há milhões de corpos a enterrar
Muitas cidades a reerguer, muita pobreza pelo mundo.
Contem-lhe que há uma criança chorando em alguma parte do mundo
E as mulheres estão ficando loucas, e há legiões delas carpindo
A saudade de seus homens; contem-lhe que há um vácuo
Nos olhos dos párias, e sua magreza é extrema; contem-lhe
Que a vergonha, a desonra, o suicídio rondam os lares, e é preciso reconquistar a vida
Façam-lhe ver que é preciso eu estar alerta, voltado para todos os caminhos
Pronto a socorrer, a amar, a mentir, a morrer se for preciso.
Ponderem-lhe, com cuidado – não a magoem... – que se não vou
Não é porque não queira: ela sabe; é porque há um herói num cárcere
Há um lavrador que foi agredido, há um poça de sangue numa praça.
Contem-lhe, bem em segredo, que eu devo estar prestes, que meus
Ombros não se devem curvar, que meus olhos não se devem
Deixar intimidar, que eu levo nas costas a desgraça dos homens
E não é o momento de parar agora; digam-lhe, no entanto
Que sofro muito, mas não posso mostrar meu sofrimento
Aos homens perplexos; digam-lhe que me foi dada
A terrível participação, e que possivelmente
Deverei enganar, fingir, falar com palavras alheias
Porque sei que há, longínqua, a claridade de uma aurora.
Se ela não compreender, oh procurem convencê-la
Desse invencível dever que é o meu; mas digam-lhe
Que, no fundo, tudo o que estou dando é dela, e que me
Dói ter de despojá-la assim, neste poema; que por outro lado
Não devo usá-la em seu mistério: a hora é de esclarecimento
Nem debruçar-me sobre mim quando a meu lado
Há fome e mentira; e um pranto de criança sozinha numa estrada
Junto a um cadáver de mãe: digam-lhe que há
Um náufrago no meio do oceano, um tirano no poder, um homem
Arrependido; digam-lhe que há uma casa vazia
Com um relógio batendo horas; digam-lhe que há um grande
Aumento de abismos na terra, há súplicas, há vociferações
Há fantasmas que me visitam de noite
E que me cumpre receber, contem a ela da minha certeza
No amanhã
Que sinto um sorriso no rosto invisível da noite
Vivo em tensão ante a expectativa do milagre; por isso
Peçam-lhe que tenha paciência, que não me chame agora
Com a sua voz de sombra; que não me faça sentir covarde
De ter de abandoná-la neste instante, em sua imensurável
Solidão, peçam-lhe, oh peçam-lhe que se cale
Por um momento, que não me chame
Porque não posso ir
Não posso ir
Não posso.

Mas não a traí. Em meu coração
Vive a sua imagem pertencida, e nada direi que possa
Envergonhá-la. A minha ausência.
É também um sortilégio
Do seu amor por mim. Vivo do desejo de revê-Ia
Num mundo em paz. Minha paixão de homem
Resta comigo; minha solidão resta comigo; minha
Loucura resta comigo. Talvez eu deva
Morrer sem vê-Ia mais, sem sentir mais
O gosto de suas lágrimas, olhá-la correr
Livre e nua nas praias e nos céus
E nas ruas da minha insônia. Digam-lhe que é esse
O meu martírio; que às vezes
Pesa-me sobre a cabeça o tampo da eternidade e as poderosas
Forças da tragédia abastecem-se sobre mim, e me impelem para a treva
Mas que eu devo resistir, que é preciso...
Mas que a amo com toda a pureza da minha passada adolescência
Com toda a violência das antigas horas de contemplação extática
Num amor cheio de renúncia. Oh, peçam a ela
Que me perdoe, ao seu triste e inconstante amigo
A quem foi dado se perder de amor pelo seu semelhante
A quem foi dado se perder de amor por uma pequena casa
Por um jardim de frente, por uma menininha de vermelho
A quem foi dado se perder de amor pelo direito
De todos terem um pequena casa, um jardim de frente
E uma menininha de vermelho; e se perdendo
Ser-lhe doce perder-se...
Por isso convençam a ela, expliquem-lhe que é terrível
Peçam-lhe de joelhos que não me esqueça, que me ame
Que me espere, porque sou seu, apenas seu; mas que agora
É mais forte do que eu, não posso ir
Não é possível
Me é totalmente impossível
Não pode ser não
É impossível
Não posso.

Vinicius de Moraes

Sem limites


Fui ver Trainspotting hoje na Bicen com a esperança de que seria um filme legal. Entretanto, ao mesmo tempo, estava apreensiva porque ultimamente tenho cometido equívocos com relação a filmes. Tipo, eu achava que As horas seria O filme, mas fiquei irritadíssima com aquela Virginia Woolf estereotipada e todo aquele melodrama. Enfim, mas Tranispotting é muito bom, cara. Nunca vi um filme sobre drogas daquele jeito.

Os filmes sobre drogas são muito "drogas, nem louco". Aquela coisa Leonardo DiCaprio chupando o pau do velho pra suprir o vício, e Cristiane F., drogada e prostituída. Sabe, um negócio educativo? Pois Trainspotting não. Num primeiro momento, achei até que o filme estava glamourizando as drogas. Que nada! Depois da cena em que eles encontram um bebê morto esquecido no porão pelo descaso deles, tão ocupados usando heroína, percebi que não era nada disso.

O filme fala de drogas do jeito que os pais não querem falar na sala de jantar. Mostra o prazer, sim, porque ele existe, oras! E a gente vê também um cara fudido tendo alucinações com um bebê morto. Sem apologia, sem lição de moral.

No fim do filme, nada do clichê do cara recuperado dando palestras para adolescentes em escolas. Ewan Mcgregor, o nome do personagem eu não me lembro agora, sai em busca da sua velha heroína, e pergunta: Será que essa é a última, ou é a última das últimas?

segunda-feira, setembro 11, 2006

O caminho da felicidade

Um sábio perguntava a um louco qual era o caminho da felicidade. O louco respondeu-lhe imediatamente, como alguém a quem se pergunta o caminho da cidade vizinha:

- Admira-te a ti mesmo e vive nas ruas.

- Espera - exclamou o sábio - Pedes demais. Basta que já admiremos a nós próprios!

O louco respondeu então:

- Mas como admirarmos sempre, sem desprezarmos sempre?

Friedrich Nietzsche

domingo, setembro 10, 2006

Political view

Passeando pelo orkut através do meu fake, descobri uma comunidade interessante. O Que é Very Libertarian, e na descrição "vamos explicar às pessoas de esquerda no orkut o que quer dizer very libertarian". No fórum, esquerdistas diziam que o termo se referia a marxistas e anarquistas, e direitosos afirmavam veementemente que tratava-se de uma nomenclatura para liberais ao extremo, seguidores ferrenhos de Adam Smith e companhia limitada. Algo me instigou: por que no orkut não há nenhuma definição política adequada à esquerda?

As opções para o ítem visão política são conservador de direita, muito conservador e de direita, centrista, esquerda liberal, muito liberal e de esquerda, libertário, libertário ao extremo, autoritário, autoritário ao extremo, depende e apolítico. Agora me diga: e desde quando existe esquerda liberal? O liberalismo não é de direita?

As únicas opções que podem ter alguma coisa a ver com a esquerda são libertário e libertário ao extremo. Entretanto, esse libertário, afinal, se refere aos que igualam libredade de empresa e liberdade do cidadão, ou aos anarquistas, marxistas, etc? É complicado.

Eu até então me definia como libertária, mas não vou entrar aqui no mérito da minha visão política, que não se encaixa nem na esquerda, nem na direita, nem no centro, nem na apoliticidade. A questão é: simplesmente não há nenhuma opção no orkut adequada à esquerda. O que existe são variações da direita.

Agora a pergunta: por quê?

sábado, setembro 09, 2006

É uma questão vetorial

Uma colega minha veio me dizer que seu professor falou que pode provar qualquer coisa matematicamente. De fato, as pessoas de exatas costumam ser muito egocêntricas. Nossa, o mundo é uma grande equação, podemos estudar as relações sociais através de números. Meu querido, ME POUPE! Dizer isso é tão idiota quando eu achar que posso estudar análise combinatória a partir de Foucault.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Tão engraçado!

Em certas situações, quando fico puta da vida com o que alguém disse, mas não posso fazer nada, como acontece tantas vezes no trabalho, eu começo a rir. Dou risadas sonsas, sem graça, um tanto hostis, fico rindo sem parar pra disfarçar minha irritação. Se eu não rir, vai ficar escrito na testa "seu (a) imbecil". Entretanto, não sei se minhas risadas de fato escondem alguma coisa. Na dúvida, eu incentivo a pessoa a continuar falando merda.

Daslu com rapadura

Merdas de políticos! Em época de eleição todo mundo é do povo. Alckmin vira Seu Geraldo, o homem simples que almoça no bandejão. Lula, com seu passado de menino pobre do Ceará, ah, quantos brasileiros pobres não querem virar Lula, Ronaldinho, Zezé, Luciano, Leonardo...

Lá se vão os abraços calorosos em velhas gordas, os beijos nos rostos de criancinhas. O engraçado é que eles usam essa imagem de homem simples, mas, ao mesmo tempo, não deixam de lado os ternos e sapatos grã finos.

Tudo porque, oras, os pobres gostam de se ver na tela, mas também sonham o sonho dos ricos. Vá o cara ser do povão, comer em restaurante de 1 real, e usar roupa de pedreiro pra você ver se ele ganha. Porra nenhuma! Então fica essa mistura hipócrita, escrota até, de um rico de terno comendo farofa.

terça-feira, setembro 05, 2006

eu vou acabar indo embora.

sexta-feira, setembro 01, 2006

Características do mercado cinematográfico estadunidense e do latino-americano

“A criação de um mercado comum de imagens é um dos desafios da busca de uma cultura dita global” (Mattelart, 2002)

Costumamos ir ao cinema no shopping e assistir a filmes estadunidenses. Por trás dos cartazes e das grandes telas existe um imenso mercado cinematográfico em que são vendidos cerca de 10 bilhões de ingressos por ano.

Na indústria cinematográfica, normalmente as produções estadunidenses correspondem a 85% do público de cinema no mundo. Na América Latina não é diferente, e por volta de 85% dos filmes exibidos nos cinemas na região são produções vindas dos EUA. Em países como Costa Rica e Chile a dominação do cinema estadunidense no mercado é ainda maior, e as películas provenientes de Hollywood representam 95% do mercado.

A indústria cinematográfica faz parte dos intercâmbios de bens culturais. Três quintos dos fluxos de bens culturais provém de 13 países, sendo que 87% dos lucros produzidos através de bens culturais e meios de comunicação de massa se concentram na comunidade européia, no Japão, e nos EUA. Apenas 13% dos lucros pertencem aos demais países do mundo.

A atividade cinematográfica apresenta três fases: produção, distribuição, e exibição. Os estúdios são responsáveis pela produção do filme. As empresas distribuidoras promovem a publicização e comercialização das produções. As exibidoras projetam os filmes nas salas de cinema.

Os Estados Unidos dominam as três fases do mercado cinematográfico. Quanto à produção, os grandes estúdios se localizam em Los Angeles, e conhecemos os letreiros de Hollywood. Atualmente, existem sete grandes estúdios de produção: Disney, Warner Bros, MGM-UA, Sony Pictures, Paramount, Universal 20th Century Fox. Desses, Sony, Universal e Fox são propriedades, respectivamente, de companhias originárias do Japão, Canadá e Austrália. Segundo o inglês David Puttnam, antigo chefe da Columbia Pictures, pertencente à Sony, hoje em dia nenhuma companhia de entretenimento fora dos Estados Unidos é capaz de distribuir uma película em todas as nações da Europa.

As empresas que dominam a distribuição são as majors, ou distribuidoras filiadas aos estúdios estadunidenses que distribuem os seus produtos em todo o mundo. As maiores empresas do setor formam grandes conglomerados através da integração vertical entre produção, distribuição e exibição. Octavio Getino faz a seguinte classificação com relação às distribuidoras latino-americanas:

Distribuidoras estrangeiras: seriam filiais das majors e responsáveis pela comercialização apenas dos filmes dos estúdios a que estariam vinculadas. Algumas delas seriam UIP, Buena Vista, Columbia Tristar.

Distribuidoras locais de filmes estrangeiros: seriam conhecidas como “independentes” e, segundo a definição de Getino, são formadas por capital local e não teriam vínculo com nenhum estúdio, mas selecionariam os filmes a serem comercializados em festivais, como por exemplo, Lumière, Art films, Europa filmes.

Distribuidoras nacionais: são formadas por capital local e a maior parte dos filmes que comercializam é nacional. No Brasil, um exemplo desse tipo de distribuidora foi a Embrafilme, criada durante o governo militar.

As empresas exibidoras estrangeiras são donas das multiplex, ou salas múltiplas que ficam em shoppings e se localizam em centros urbanos. Elas costumam apresentar filmes blockbuster, que estream simultaneamente em centenas de cidades nos cinco continentes. O grande número de filmes blockbuster nas salas de cinema tem relação também com as estratégias de distribuição, pois 95% dos filmes comercializados pelas majors são dessa categoria.

Os números de salas e de espectadores vinham caindo vertiginosamente na América Latina, até que com a chegada das multiplex voltaram a crescer. Entretanto, as salas de cinema ficam concentradas nas grandes cidades, pois as grandes empresas exibidoras só se interessam pelas cidades com mais de 400 mil habitantes.

É importante salientar que a dominação dos Estados Unidos no mercado cinematográfico não é produto de forças do mercado que operam a favor de Hollywood. A atividade cinematográfica estadunidense nasceu com forte impulso estatal, dado que se mostrava um mercado promissor. O governo dos Estados Unidos apoiou o desenvolvimento de sua cinematografia nos mercados externos, especialmente através dos Departamentos de Comércio e de Estado.

Se em qualquer país latino-americano os filmes hollywoodianos representam de 70% a 100% das produções exibidas, nos Estados Unidos 93,9% dos filmes exibidos em 2002 eram daquele país.

O mercado doméstico de cinema dos EUA é o maior do mundo. Os Estados Unidos têm o maior número de salas por habitante, e há 26 mil salas e cerca de 1,2 bilhões de espectadores, sendo que 98% dos longas comercializados nesse país são ali produzidos . O preço do bilhete custava aproximadamente 6,03 dólares em 2004, e a arrecadação foi em média 9,491 bilhões de dólares nesse mesmo ano.

Em 2003, os EUA tinham por volta de 12,3 salas para cada 100 mil habitantes, e a freqüência dos espectadores era de em média 5,39 vezes ao ano . A arrecadação do mercado cinematográfico estadunidense em 2004 foi superior em 92% à arrecadação da União Européia, conjunto de países que ocupa o segundo lugar em ingressos em bilheterias de cinema.

Um dos elementos da concorrência desleal nos mercados cinematográficos na América Latina é o fato de que as empresas produtoras estadunidenses pagam os custos de seus filmes já no seu país, que apresenta um amplo mercado doméstico, enquanto que as latino-americanas terão ainda de conquistar seu mercado interno para obter algum lucro. O lucro das empresas produtoras estadunidenses nos países da América Latina é neto, menos os custos com publicidade e cópias.

A atividade cinematográfica no mundo apresenta grandes desigualdades quando, por exemplo, os Estados Unidos detém com a ajuda de diversos subsídios 10% da produção mundial, e 90% do mercado de distribuição . Dentro da América Latina também existem grandes desigualdades.

“Mas se a linha divisória Norte/Sul já não basta para definir o atual estado do planeta, as desigualdades estruturais das décadas anteriores não sumiram assim. O que perturbou a representação maniqueísta do mundo foi que o Norte descobriu seu próprio território dos Suis e que, no coração mesmo do Sul, emergiram Nortes que trazem consigo seus Suis” (Mattelart, 2002)

Num país como a Argentina, com 38,6 milhões de habitantes, e PIB de 249,9 bilhões de dólares, são feitos em média 90 filmes por ano com a ajuda de 25 milhões de dólares em subsídios estatais, enquanto que no Uruguai, com 3,4 milhões de habitantes, e PIB de 12 bilhões de dólares, a média é de 3 filmes por ano, e há escassos investimentos públicos.

Considerando que os filmes latino-americanos têm pouca aceitação no exterior e devem reverter os custos no mercado interno, enquanto que os EUA têm um amplo mercado interno e a produção cinematográfica estadunidense tem respaldo em todo o mundo, fica difícil para um país como o Uruguai ter atividade cinematográfica sem políticas públicas de incentivo à produção audiovisual. Sem incentivo, nem Brasil, Argentina, ou qualquer país latino-americano teria cinema.

A formação de leis audiovisuais nos países latino-americanos, além das iniciativas de co-produção são essenciais para o desenvolvimento da cinematografia da região.

Bibliografia:

MATTELART, Armand. A globalização da comunicação. Bauru: EDUSC, 2002. Cap. VI.

GETINO, Octavio. El cine en el Mercosur y países asociados.

MORAES, Denis. A hegemonia das corporações de mídia no capitalismo global.

ARAÚJO, Taíssa Helena de Barros e CHAUVEL, Marie Agnes. Estratégias de promoção no lançamento de filmes norte-americanos no mercado brasileiro: um estudo de caso.

ARIAS, Fernando. Diversidad cultural en la exhibición cinematográfica en la Argentina.

RUIZ, Enrique E. Sánchez. El empequeñecido cine latinoamericano e la integración audiovisual.

PERELMAN, Pablo e SEIVACH, Paulina. La industria cinematográfica en la Argentina: entre los limites del mercado y el fomento estatal.

ROVITO, Pablo. Reflexiones sobre la exhibición cinematográfica en la Argentina.


Tatiana Hora

Parte do meu relatório.